rEalLy sUpEr UlTrA mAxI mEgA hUgE dEaR dIaRy
Dor. Cansaço. Dor. Desânimo. Dor. Mau Humor. Dor. Sono. Dor. O carnaval se despede, meu corpo vira cinza, minha mente não funciona e eu prometo ficar um bom tempo bem quietinho no meu lugar, pode ser?
Domingo, segunda-feira e terça-feira. Três dias. Mesmos lugares. Mesmas pessoas. Nada igual. Seguindo uma ordem cronológica, se você achou que eu iria pagar mico na noite dominical você errou feio pois desta vez foi o mico quem me pagou. Ele havia pagado para eu ficar em casa, mas como eu sou muito teimoso resolvi tirar minha tão comentada bunda de cima desta cadeira que foi a única coisa que restou de lembrança dos tempos do Andrômeda e me arrumar para sair em cima da hora como de costume, afinal, depois das noites anteriores eu não estava querendo fazer nenhuma besteira mais, porém, eis que eu fiz a maior besteira de todas até então: sair de casa.
Poderia ser legal, iria ficar por aqui mesmo, sem ônibus, sem maiores agitações, mas se o carnaval já não é uma coisa boa por si só o que dirá um carnaval com a ladainha infame de que o Comando Vermelho está invadindo as facções do Terceiro Comando que por sua vez vai proibir todo mundo de usar vermelho? Isso definitivamente afeta as pessoas que, de uma hora para a outra, parece que moram dentro de algum morro ou de uma grande favela dominada pelo tráfico e encarnam o personagem fazendo com que algo ruim se transforme em uma grande e consistente merda. O que fazer nessas horas? Ir para a minha casa e ficar do jeitinho que eu gosto, claro. Seria o mais certo a fazer, mas como você saiu com uma duplinha não pensante que acha que "diversão" é sinônimo de "obrigação" você tem que reavaliar os seus conceitos e parar um pouco para ouvir o show de tentativas de persuasão.
"Vamos! Vai ser bem legal, cara! O que você vai ficar fazendo em casa? Internet? Por favor, né?" Acho que essa frase poderia ser analisada como "tenho-que-sair-para-não-pensarem-que-eu-não-tenho-vida-social-e-provar-para-os-outros-que-eu-estou-me-divertindo". Diversão é algo que deveria ser feito com espontaneidade, não algo que deve ser encarado como obrigação ou atestado de superioridade. Eu me divirto, logo existo? Não. Ninguém é igual a ninguém, você sabe, e sendo assim nada mais natural que as visões de "diversão" sigam esse raciocínio. Você se diverte não por você querer ou ter que se divertir, é uma coisa tão simples que chega a ser idiota falar sobre apesar do fato de que muitas pessoas deveriam aprender e não ficar seguindo a correnteza. Muitas pessoas mudam suas opiniões e atitudes por causa dos outros sejam essas mudanças para agradar ou para impressionar e quando você muda a sua rota vital por causa deles, quem você acha que está no comando do seu barco, huh? Não faço o que eu não quero fazer e se eu não provo nada nem para mim mesmo, não é para qualquer criatura da face da Terra que eu vou ter que provar ou atestar algo, até porque seria ridículo.
Depois de muito andar e muito discutir decidimos(?) pela opção não tão agradável do sábado. Mal sabia que seria o pior dia do fabuloso carnaval brasileiro. Ainda não entendi porque eu entrei nessa, mas creio que recebi uma pequena ajuda das criaturas "exóticas" que apareceram pelo caminho e fizeram com que eu andasse rápido sem olhar para trás, por mais que o meu quarto ficasse nesse "trás". Que tipo de criaturas? Criaturas que necessitam de doses cavalares de simancol para perceberem que não é pelo fato de "ser carnaval" que todos tem que sair por aí sorrindo e cantarolando como se fossemos todos amigos de longa data e/ou tivessemos maiores intimidades e é este o fato que as tornam ainda mais "exóticas", ou então seria eu.
Criaturanumero1. Estamos andando. Gritos ecoam em nossa direção. A primeira vista era um homem falando - grasnando, para ser mais exato - com uma mulher em seu grande grupo de pessoas vestidas como uma grande exposição de vasos mal acabados. Passamos por eles e como não tenho olhos na nuca e menos ainda o interesse e a simpatia dos seres que comigo estavam esbanjando sorrisos e misuras, não notei que estavam falando com a gente.
- "JAPONÊS!!! Ô JAPONÊS!!!! OLHA AQUI!!! LEVA! LEVA!"
E no meio de outras frases incompreensíveis ainda não descobri o que eu deveria levar, só sei que depois de questionarem a identidade do "japonês" e indicarem a sua posição central, acho que eu já posso começar a me preocupar quanto a minha herança genética. Só isso? Não, afinal, a criaturanumero2 , discreta como uma sirene de ambulância, começa a relinchar como uma égua no cio a algumas dezenas de metros de distância alguns minutos depois:
"HEY LINDINHOOW! TCHUTCHUCÔÔÔ! OLHA PRA MIM, OLHA! EU QUERO BEIJAR ESSA BOCA, HEIN!"
E, continuando com a simpatia costumeira, viram-se para perguntar qual dos três era o sortudo(??!!) quando a sonora resposta é lançada como um tiro de meta que atinge as partes baixas do gandula:
"Ô DO MEIO! Ô DO MEIO! EU QUERO TE AMAR!!!"
Depois disso todos param e eu, acompanhado pelos gritos de "TÁ FUGINDO DE MÉAM??!!", continuo andando decorando a lição de que eu definitivamente não posso andar entre duas pessoas pois, pelo o que parece, quem anda no meio fica destacado, principalmente quando essa pessoa é completamente diferente das pessoas das pontas esquerda e direita. Coisas estranhas do tipo estão acontecendo a algum tempo por aqui, em grande quantidade eu diria, e isso é extremamente estranho para mim ou ainda de difícil assimilação de acordo com as coisas que eu acredito, fisicamente falando.
O ônibus? Uma desgraça. Parece que todos resolveram passar o carnaval no mesmo lugar. Confusão e bagunça somado a um cara chato que ficava puxando assunto e cobrindo quase metade do chão correspondente ao espaço onde eu colocaria os meus pés com a sua bagagem. Fiz o favor de colocar os pés em cima da mala, claro, e depois tive que trepar em cima do banco do ônibus como um surfista urbano porque a gentil criatura resolveu descer no meio do caminho. Nada estava dando certo e seria pedir demais que acontecesse alguma coisa realmente boa, até porque a coisa boa viajou e o Xerova a.k.a Ney, devido a semelhança com o simpático Ney Matogrosso - eu particularmente acho ele parecido com o Cazuza e sou um dos únicos que chamo pelo apelido antigo, diga-se - foi assaltado. Tudo bem, ninguém viu, estranho, mas ele disse que tinha dinheiro no bolso e que pegaram misteriosamente, néam? E reclamando até do vento que estava bagunçando o meu já bagunçado cabelo, chegamos no lugar. Animação, mas não o suficiente para eu parar de reclamar, então eu vou embora para ser zoado em casa por pessoas que falam comigo e estão a quase um dia de distância. Frase da noite? "Ai balu vai ficar carow!"
Confesso que eu errei e como disse que não iria colocar os pés para fora do portão deveria ser apenas isso, mas eu não sou humano, você sabe, então nada mais normal que eu repita o erro, não é mesmo?
Segunda-feira. Ligação em cima da hora. Mesmo lugar e com isso fortes indícios para ser a mesma pasmaceira de ontem, mas tanto quanto é comum dos sábios mudarem de decisão é natural que as coisas melhorem consideravelmente. Estamos falando de 100%, então eu me arrumo e como eu sou um adolescente frustrado e, como dito, só me relaciono com pessoas - o sociável, huh? - fora da minha faixa etária, nada mais natural do que sair como um gurizinho de 16 anos e sua gravatinha safada no pescoço, com o cabelo penteado estrategicamente espetado com a ajuda do gel fazendo com que o conjunto fosse altamente zoado com o apelidinho infame de Avril Lavigne, mas ao mesmo tempo elogiado fazendo com que eu continue crendo que as pessoas levam peças de roupas e imagem muito a sério e que a necessidade de rótulos é algo fundamental.
A partir do momento que eu sou uma pessoa imprevisível isso quer dizer que nem eu consigo prever como eu vou reagir aos fatos e é por isso que a frase "Eu sou assim!" não é algo em abundância no meu vocabulário. Um problema? Solução. Pode ser hipócrita da minha parte dizer isso, afinal, eu tenho opiniões físicas sobre mim muito bem estabelecidas que acabam deturpando a coerência e a veracidade do que eu vou escrever agora, mas, "non-fisicamente" falando, acredito piamente que a maneira com a qual você se vê - ou que os vêem a ti - impede você de ser você mesmo. Dizer "Eu sou assim!", é aceitar suas fraquezas, pontos fracos e na grande maioria das vezes, seus defeitos como sendo qualidades. Isso impede você de melhorar ou ainda observar que você é maior do que uma imagem criada. "Eu sou burro e pronto!" Alguém que diz isso consegue dar-se a oportunidade de progredir? Rótulos. Acho que esquecem de que eu não sou um refrigerante. Poderia ser uma Pepsi Twist, por exemplo, mas ela não agrada a grande maioria e sendo assim estava em um dia Coca-Cola.
Diferente de ontem, um grande grupos de pessoas. Geralmente isso é uma coisa ruim, mas não foi, pelo contrário. Dane foi bem simpático trazendo as bebedeeenhas que ele surrupiou do "boteco" do pai dele e lá fomos nós fechando uma Van no melhor estilo caravana-topa-tudo-por-dinheiro. Chegando lá bebidinhas e la la la´s que já haviam sido estreados dentro do veículo bombando e lá vamos nós atrás do trio elétrico.
E lá vão eles fazendo cadeirinha. E lá vai Kinho, muito legal, se jogando em cima. É um. E joga o Kinho pra cima. É dois. E joga o Kinho mais alto. É trêêêêêsss! E o Kinho sobe bem alto. É quatro? Não, não existe quatro e sendo assim não existe braço algum abaixo do Kinho quando ele começa a descer. Ele desce, ele sabe que está descendo, ou pelo menos deveria, mas sabe-se lá porque ele não coloca os seus pezinhos para baixo e numa atitude um tanto quanto suicida... ZAZ... lá está Kinho caindo de bunda no chão automaticamente sendo estirado atrás do trio elétrico. E palmas para o Kinho que consegue virar assunto mais uma vez.
O trio segue, mas nós não seguimos o trio. As garrafas estavam separadas, mas alguém mistura tudo. Pessoas fracas para bebida ficam chapadas e como eu não tenho lá muita paciência, vamos para o palco que estava tocando rock e não é que a gravatinha fez um grande sucesso? Não sei das outras que eu havia emprestado, mas a minha era para ser uma gravata e não uma coleira ou algum laço para facilitar alguma coisa e/ou puxarem conforme o ritmo da música. A música tocando, o mundo rodando e você rodando abraçado em gente que você nem conhece. Visão suja. E uma pseudo "rodinha hardcore" (???????) ao som de Charlie Brown Jr (!!!) aparece e você de forma coerente com as atitudes ridículas até ali não vai ficar de fora. Começam os troncos, pontapés e similares, tudo está lindo, ou quase. Já disse que eu odeio aqueles sprays desgraçados que soltam uma espuma de cheiro desagradável que faz com que você pareça um enorme bolo confeitado quando atingido? Pois eu odeio. E odeio quando viram aquilo para o meu lado, incluindo crianças estúpidas que aparecem do quinto dos infernos para te perturbar:
- "OLHA! ESP! UMA MÃO!!! *Splash
Agora, munido com um sprayzinho que não me custou nada, vamos nos vingar das pessoas que não tiveram culpa nenhuma de você ter levado aquele grande tombo que até agora não foi entendido o porquê mas mesmo assim você se aproxima e enche narizes e olhos de espuma. Sai correndo e fica cansado depois de algum tempo. E o que te anima? Sorvete, claro! Desculpa perfeita para não ficar perto da amiga-da-amiga-da-menina-que-está-ficando-com-o-seu-colega-conhecido-que-elas-falam-que-é-o-seu-amigo que te achou filezaum - mesmo anão - e que quer te conhecer melhor.
Você não tem que ser conhecido quando não quer ser, mesmo que isso implique em pseudo difamações hilárias e ou faminha de esnobe. Pffff... mais lindo impossível, huh? E se você acha que eu tenho que fazer algo que eu não quero fazer acho que você não leu direito este post, afinal, eu não beijei aquela "noiva" nojentona que estava beijando TODO MUNDO, literalmente, ou ainda pegar aquelas Neguetys - carinhosamente apelidadas pelo avestruz mór - para dizer "Fiquei!". Não é algo que eu faria, por exemplo, e acho que o Mau Mau Cover me agradeceu, afinal, por minha causa ele ficou com a menina. Provavelmente deveria estar provando algo, mas eu nem comento afinal eu acho que todo mundo está querendo provar alguma coisa, não é mesmo?
Descansado? Claaaaaaaro. Então voltamos ao lugar que outrora estava tocando rock, mas você fica ali, por pouco tempo, é verdade, afinal, eu adoro piercing na sobrancelha e não dou bola para viagens alheias. O melhor dia, definitivamente, então você volta no dia seguinte para repetir a dose mesmo estando um bagaço. Por quê? Porque "Você vem amanhã, né?", oras. E você volta, em estado catavélico, mas volta mesmo que seja em cima da hora como de costume e no "ponto de encontro" vê dois integrantes do grupo costumeiro atoxados em roupitchas femininas bancando as bicheeenhas de carnaval. Disguting. Principalmente quando esses pseudo-héteros entram com tamanha veracidade em suas personagens e começam a cantar todo mundo que entra na Van, principalmente o rapaz que estava recebendo o dinheiro das passagens.
O começo não é tão animador, mas tudo termina perfeitamente bem para comprovar que o final é sempre bom. O piercing caiu e não foi encontrado este dia, infelizmente, mas a viagem acabou, o grupo recebe o personagem principal e foi lindo. Ou não, afinal, você não deu tchauzinho para a dançarina de lambaeróbica que tava acenando para uma das pessoas do seu lado pedindo para que você a visse e mulher com orgulho ferido e com roupas desproporcionais a circunferência do corpo não é uma coisa muito legal de se ver, tanto quanto ceninhas inéditas de ciúmes featuring incrições espumantes com nomes nada-a-ver no chão para tentar algo que definitivamente não deu certo.
Considerações? Nada demais...
* Menininhas novinhas que te catucam no meio da multidão para falar "Minha amiga quer te conhecer!" e a amiga fala "Não, é ela que quer!" que por sua vez diz "Não, é ela!"... "Ela!" ... "Ela!" fazem você lembrar do Passa ou Repassa;
* Entrevistas e questionamentos sobre coisas que pessoas não acreditam que eu possa protagonizar mesmo falando abertamente sobre isso atualmente é altamente engraçado;
E agora você fica aí, com a panturrilha doendo, com a coxa doendo, com a bunda doendo, com o braço doendo, descendo as escadas de lado...
"O Bebê de Rosemary" - Rede Globo
Kinho Dickinson
Dor. Cansaço. Dor. Desânimo. Dor. Mau Humor. Dor. Sono. Dor. O carnaval se despede, meu corpo vira cinza, minha mente não funciona e eu prometo ficar um bom tempo bem quietinho no meu lugar, pode ser?
Domingo, segunda-feira e terça-feira. Três dias. Mesmos lugares. Mesmas pessoas. Nada igual. Seguindo uma ordem cronológica, se você achou que eu iria pagar mico na noite dominical você errou feio pois desta vez foi o mico quem me pagou. Ele havia pagado para eu ficar em casa, mas como eu sou muito teimoso resolvi tirar minha tão comentada bunda de cima desta cadeira que foi a única coisa que restou de lembrança dos tempos do Andrômeda e me arrumar para sair em cima da hora como de costume, afinal, depois das noites anteriores eu não estava querendo fazer nenhuma besteira mais, porém, eis que eu fiz a maior besteira de todas até então: sair de casa.
Poderia ser legal, iria ficar por aqui mesmo, sem ônibus, sem maiores agitações, mas se o carnaval já não é uma coisa boa por si só o que dirá um carnaval com a ladainha infame de que o Comando Vermelho está invadindo as facções do Terceiro Comando que por sua vez vai proibir todo mundo de usar vermelho? Isso definitivamente afeta as pessoas que, de uma hora para a outra, parece que moram dentro de algum morro ou de uma grande favela dominada pelo tráfico e encarnam o personagem fazendo com que algo ruim se transforme em uma grande e consistente merda. O que fazer nessas horas? Ir para a minha casa e ficar do jeitinho que eu gosto, claro. Seria o mais certo a fazer, mas como você saiu com uma duplinha não pensante que acha que "diversão" é sinônimo de "obrigação" você tem que reavaliar os seus conceitos e parar um pouco para ouvir o show de tentativas de persuasão.
"Vamos! Vai ser bem legal, cara! O que você vai ficar fazendo em casa? Internet? Por favor, né?" Acho que essa frase poderia ser analisada como "tenho-que-sair-para-não-pensarem-que-eu-não-tenho-vida-social-e-provar-para-os-outros-que-eu-estou-me-divertindo". Diversão é algo que deveria ser feito com espontaneidade, não algo que deve ser encarado como obrigação ou atestado de superioridade. Eu me divirto, logo existo? Não. Ninguém é igual a ninguém, você sabe, e sendo assim nada mais natural que as visões de "diversão" sigam esse raciocínio. Você se diverte não por você querer ou ter que se divertir, é uma coisa tão simples que chega a ser idiota falar sobre apesar do fato de que muitas pessoas deveriam aprender e não ficar seguindo a correnteza. Muitas pessoas mudam suas opiniões e atitudes por causa dos outros sejam essas mudanças para agradar ou para impressionar e quando você muda a sua rota vital por causa deles, quem você acha que está no comando do seu barco, huh? Não faço o que eu não quero fazer e se eu não provo nada nem para mim mesmo, não é para qualquer criatura da face da Terra que eu vou ter que provar ou atestar algo, até porque seria ridículo.
Depois de muito andar e muito discutir decidimos(?) pela opção não tão agradável do sábado. Mal sabia que seria o pior dia do fabuloso carnaval brasileiro. Ainda não entendi porque eu entrei nessa, mas creio que recebi uma pequena ajuda das criaturas "exóticas" que apareceram pelo caminho e fizeram com que eu andasse rápido sem olhar para trás, por mais que o meu quarto ficasse nesse "trás". Que tipo de criaturas? Criaturas que necessitam de doses cavalares de simancol para perceberem que não é pelo fato de "ser carnaval" que todos tem que sair por aí sorrindo e cantarolando como se fossemos todos amigos de longa data e/ou tivessemos maiores intimidades e é este o fato que as tornam ainda mais "exóticas", ou então seria eu.
Criaturanumero1. Estamos andando. Gritos ecoam em nossa direção. A primeira vista era um homem falando - grasnando, para ser mais exato - com uma mulher em seu grande grupo de pessoas vestidas como uma grande exposição de vasos mal acabados. Passamos por eles e como não tenho olhos na nuca e menos ainda o interesse e a simpatia dos seres que comigo estavam esbanjando sorrisos e misuras, não notei que estavam falando com a gente.
- "JAPONÊS!!! Ô JAPONÊS!!!! OLHA AQUI!!! LEVA! LEVA!"
E no meio de outras frases incompreensíveis ainda não descobri o que eu deveria levar, só sei que depois de questionarem a identidade do "japonês" e indicarem a sua posição central, acho que eu já posso começar a me preocupar quanto a minha herança genética. Só isso? Não, afinal, a criaturanumero2 , discreta como uma sirene de ambulância, começa a relinchar como uma égua no cio a algumas dezenas de metros de distância alguns minutos depois:
"HEY LINDINHOOW! TCHUTCHUCÔÔÔ! OLHA PRA MIM, OLHA! EU QUERO BEIJAR ESSA BOCA, HEIN!"
E, continuando com a simpatia costumeira, viram-se para perguntar qual dos três era o sortudo(??!!) quando a sonora resposta é lançada como um tiro de meta que atinge as partes baixas do gandula:
"Ô DO MEIO! Ô DO MEIO! EU QUERO TE AMAR!!!"
Depois disso todos param e eu, acompanhado pelos gritos de "TÁ FUGINDO DE MÉAM??!!", continuo andando decorando a lição de que eu definitivamente não posso andar entre duas pessoas pois, pelo o que parece, quem anda no meio fica destacado, principalmente quando essa pessoa é completamente diferente das pessoas das pontas esquerda e direita. Coisas estranhas do tipo estão acontecendo a algum tempo por aqui, em grande quantidade eu diria, e isso é extremamente estranho para mim ou ainda de difícil assimilação de acordo com as coisas que eu acredito, fisicamente falando.
O ônibus? Uma desgraça. Parece que todos resolveram passar o carnaval no mesmo lugar. Confusão e bagunça somado a um cara chato que ficava puxando assunto e cobrindo quase metade do chão correspondente ao espaço onde eu colocaria os meus pés com a sua bagagem. Fiz o favor de colocar os pés em cima da mala, claro, e depois tive que trepar em cima do banco do ônibus como um surfista urbano porque a gentil criatura resolveu descer no meio do caminho. Nada estava dando certo e seria pedir demais que acontecesse alguma coisa realmente boa, até porque a coisa boa viajou e o Xerova a.k.a Ney, devido a semelhança com o simpático Ney Matogrosso - eu particularmente acho ele parecido com o Cazuza e sou um dos únicos que chamo pelo apelido antigo, diga-se - foi assaltado. Tudo bem, ninguém viu, estranho, mas ele disse que tinha dinheiro no bolso e que pegaram misteriosamente, néam? E reclamando até do vento que estava bagunçando o meu já bagunçado cabelo, chegamos no lugar. Animação, mas não o suficiente para eu parar de reclamar, então eu vou embora para ser zoado em casa por pessoas que falam comigo e estão a quase um dia de distância. Frase da noite? "Ai balu vai ficar carow!"
Confesso que eu errei e como disse que não iria colocar os pés para fora do portão deveria ser apenas isso, mas eu não sou humano, você sabe, então nada mais normal que eu repita o erro, não é mesmo?
Segunda-feira. Ligação em cima da hora. Mesmo lugar e com isso fortes indícios para ser a mesma pasmaceira de ontem, mas tanto quanto é comum dos sábios mudarem de decisão é natural que as coisas melhorem consideravelmente. Estamos falando de 100%, então eu me arrumo e como eu sou um adolescente frustrado e, como dito, só me relaciono com pessoas - o sociável, huh? - fora da minha faixa etária, nada mais natural do que sair como um gurizinho de 16 anos e sua gravatinha safada no pescoço, com o cabelo penteado estrategicamente espetado com a ajuda do gel fazendo com que o conjunto fosse altamente zoado com o apelidinho infame de Avril Lavigne, mas ao mesmo tempo elogiado fazendo com que eu continue crendo que as pessoas levam peças de roupas e imagem muito a sério e que a necessidade de rótulos é algo fundamental.
A partir do momento que eu sou uma pessoa imprevisível isso quer dizer que nem eu consigo prever como eu vou reagir aos fatos e é por isso que a frase "Eu sou assim!" não é algo em abundância no meu vocabulário. Um problema? Solução. Pode ser hipócrita da minha parte dizer isso, afinal, eu tenho opiniões físicas sobre mim muito bem estabelecidas que acabam deturpando a coerência e a veracidade do que eu vou escrever agora, mas, "non-fisicamente" falando, acredito piamente que a maneira com a qual você se vê - ou que os vêem a ti - impede você de ser você mesmo. Dizer "Eu sou assim!", é aceitar suas fraquezas, pontos fracos e na grande maioria das vezes, seus defeitos como sendo qualidades. Isso impede você de melhorar ou ainda observar que você é maior do que uma imagem criada. "Eu sou burro e pronto!" Alguém que diz isso consegue dar-se a oportunidade de progredir? Rótulos. Acho que esquecem de que eu não sou um refrigerante. Poderia ser uma Pepsi Twist, por exemplo, mas ela não agrada a grande maioria e sendo assim estava em um dia Coca-Cola.
Diferente de ontem, um grande grupos de pessoas. Geralmente isso é uma coisa ruim, mas não foi, pelo contrário. Dane foi bem simpático trazendo as bebedeeenhas que ele surrupiou do "boteco" do pai dele e lá fomos nós fechando uma Van no melhor estilo caravana-topa-tudo-por-dinheiro. Chegando lá bebidinhas e la la la´s que já haviam sido estreados dentro do veículo bombando e lá vamos nós atrás do trio elétrico.
E lá vão eles fazendo cadeirinha. E lá vai Kinho, muito legal, se jogando em cima. É um. E joga o Kinho pra cima. É dois. E joga o Kinho mais alto. É trêêêêêsss! E o Kinho sobe bem alto. É quatro? Não, não existe quatro e sendo assim não existe braço algum abaixo do Kinho quando ele começa a descer. Ele desce, ele sabe que está descendo, ou pelo menos deveria, mas sabe-se lá porque ele não coloca os seus pezinhos para baixo e numa atitude um tanto quanto suicida... ZAZ... lá está Kinho caindo de bunda no chão automaticamente sendo estirado atrás do trio elétrico. E palmas para o Kinho que consegue virar assunto mais uma vez.
O trio segue, mas nós não seguimos o trio. As garrafas estavam separadas, mas alguém mistura tudo. Pessoas fracas para bebida ficam chapadas e como eu não tenho lá muita paciência, vamos para o palco que estava tocando rock e não é que a gravatinha fez um grande sucesso? Não sei das outras que eu havia emprestado, mas a minha era para ser uma gravata e não uma coleira ou algum laço para facilitar alguma coisa e/ou puxarem conforme o ritmo da música. A música tocando, o mundo rodando e você rodando abraçado em gente que você nem conhece. Visão suja. E uma pseudo "rodinha hardcore" (???????) ao som de Charlie Brown Jr (!!!) aparece e você de forma coerente com as atitudes ridículas até ali não vai ficar de fora. Começam os troncos, pontapés e similares, tudo está lindo, ou quase. Já disse que eu odeio aqueles sprays desgraçados que soltam uma espuma de cheiro desagradável que faz com que você pareça um enorme bolo confeitado quando atingido? Pois eu odeio. E odeio quando viram aquilo para o meu lado, incluindo crianças estúpidas que aparecem do quinto dos infernos para te perturbar:
- "OLHA! ESP! UMA MÃO!!! *Splash
Agora, munido com um sprayzinho que não me custou nada, vamos nos vingar das pessoas que não tiveram culpa nenhuma de você ter levado aquele grande tombo que até agora não foi entendido o porquê mas mesmo assim você se aproxima e enche narizes e olhos de espuma. Sai correndo e fica cansado depois de algum tempo. E o que te anima? Sorvete, claro! Desculpa perfeita para não ficar perto da amiga-da-amiga-da-menina-que-está-ficando-com-o-seu-colega-conhecido-que-elas-falam-que-é-o-seu-amigo que te achou filezaum - mesmo anão - e que quer te conhecer melhor.
Você não tem que ser conhecido quando não quer ser, mesmo que isso implique em pseudo difamações hilárias e ou faminha de esnobe. Pffff... mais lindo impossível, huh? E se você acha que eu tenho que fazer algo que eu não quero fazer acho que você não leu direito este post, afinal, eu não beijei aquela "noiva" nojentona que estava beijando TODO MUNDO, literalmente, ou ainda pegar aquelas Neguetys - carinhosamente apelidadas pelo avestruz mór - para dizer "Fiquei!". Não é algo que eu faria, por exemplo, e acho que o Mau Mau Cover me agradeceu, afinal, por minha causa ele ficou com a menina. Provavelmente deveria estar provando algo, mas eu nem comento afinal eu acho que todo mundo está querendo provar alguma coisa, não é mesmo?
Descansado? Claaaaaaaro. Então voltamos ao lugar que outrora estava tocando rock, mas você fica ali, por pouco tempo, é verdade, afinal, eu adoro piercing na sobrancelha e não dou bola para viagens alheias. O melhor dia, definitivamente, então você volta no dia seguinte para repetir a dose mesmo estando um bagaço. Por quê? Porque "Você vem amanhã, né?", oras. E você volta, em estado catavélico, mas volta mesmo que seja em cima da hora como de costume e no "ponto de encontro" vê dois integrantes do grupo costumeiro atoxados em roupitchas femininas bancando as bicheeenhas de carnaval. Disguting. Principalmente quando esses pseudo-héteros entram com tamanha veracidade em suas personagens e começam a cantar todo mundo que entra na Van, principalmente o rapaz que estava recebendo o dinheiro das passagens.
O começo não é tão animador, mas tudo termina perfeitamente bem para comprovar que o final é sempre bom. O piercing caiu e não foi encontrado este dia, infelizmente, mas a viagem acabou, o grupo recebe o personagem principal e foi lindo. Ou não, afinal, você não deu tchauzinho para a dançarina de lambaeróbica que tava acenando para uma das pessoas do seu lado pedindo para que você a visse e mulher com orgulho ferido e com roupas desproporcionais a circunferência do corpo não é uma coisa muito legal de se ver, tanto quanto ceninhas inéditas de ciúmes featuring incrições espumantes com nomes nada-a-ver no chão para tentar algo que definitivamente não deu certo.
Considerações? Nada demais...
* Menininhas novinhas que te catucam no meio da multidão para falar "Minha amiga quer te conhecer!" e a amiga fala "Não, é ela que quer!" que por sua vez diz "Não, é ela!"... "Ela!" ... "Ela!" fazem você lembrar do Passa ou Repassa;
* Entrevistas e questionamentos sobre coisas que pessoas não acreditam que eu possa protagonizar mesmo falando abertamente sobre isso atualmente é altamente engraçado;
E agora você fica aí, com a panturrilha doendo, com a coxa doendo, com a bunda doendo, com o braço doendo, descendo as escadas de lado...


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