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Que tal viver esse dia para curtir momentos de afeto com as pessoas que são, de fato, importantes para você? A pessoa amada pode lhe fazer boas surpresas.

Eu tenho que admitir que coincidências existem tanto quanto eu sou do signo de câncer, assim como Marcel Proust, e acho engraçado o fato de as pessoas nunca me identificarem como canceriano. Talvez eu tenha muitas características do meu ascendente, leão, talvez eu esteja fora de estereótipos ou talvez eu apenas odeie esteriótipos.

Estava visitando este site outro dia e estava avaliando que, em muitos aspectos, eu tenho grandes chances de ter sido enganado e que na verdade não tenha nascido dia 23 de junho coisíssima nenhuma. Porque cancerianos são sensíveis, cancerianos são apegados à família, cancerianos são emotivos, cancerianos demonstram seus sentimentos, cancerianos isso, cancerianos aquilo... sabe o que parece? Que uma pessoa do signo de câncer e que também tem o seu ascendente e lua em câncer deve ser canonizada ou, na melhor das hipóteses, carbonizada.

Aquela velha história de sempre onde as pessoas acham que só porque todas as pessoas que nascem em determinada época do ano tem que ser idênticas pelo simples fatos de terem um signo em comum e terem a sina de fazerem a mesma coisa que o seu companheiro de signo vai fazer, afinal, todo canceriano vai receber uma surpresa da pessoa amada mesmo que esta não exista, certo? Errado. Eu gosto desse papo, adoro me identificar com câncer tanto quanto eu também me identifico com as características leoninas, adoro o mês do meu aniversário, adoro ter nascido no inverno mesmo que essa palavra não tenha significado algum na "língua brasileira", mas não é por isso que eu vou agir como se todas as pessoas do mundo tivessem que se comportar como as Bananas de Pijamas onde - dentre aparência, comportamento e pensamentos - a única diferença encontrada é um número após a letra B bordada... onde?!... em seu pijama, lógico!

Senso comum + Estereótipos = Perda de individualidade. Já disse que este tipo de coisa me irrita? Se você ouve Heavy Metal você automaticamente vira um metaleiro e, obviamente, você TEM que ter um cabelão ensebado, camisa do Cradle Of Filth e sai por aí balançando a cabeça fazendo lml porque se você não fazer isso é impossível que você possa gostar de metal. Mais uma vez eu pergunto: certo? Errado! Não é porque você fala com o Vítor que tu tens que imaginar que ele mora do lado do Cristo Redentor e passa os dias da sua vida caminhando no calçadão de Copacabana com uma bermudinha florida debaixo de um Sol de 40 graus juntamente com a Fernanda Abreu e a única frase que consegue formular é "Já é, brother!" Não é porque você vai ao blog do Matheus e descobre ele é sulista, assim como a Caroline, que você tenha que achar que eles passam o dia todo agarrados a uma cuia de chimarrão fazendo coreografias típicas trajados à caráter com suas bombachas e seus lencinhos no pescoço tanto quanto a Andrea não sai dos shoppings e não deixa um dia sequer de comer pastéis que são "da hora, mano!"

O que as pessoas esquecem é que as mesmas pessoas não são remédios ou aparelhos domésticos, portanto, não tente tratá-las dessa forma porque ninguém nasce em atacado e segurando bulas ou manuais de instruções únicos que indicam usos e efeitos colaterais. Até concordo que algumas até precisam de uma assistência técnica, mas não é por isso que todas que são aparentemente semelhantes possuem o mesmo defeito.

E, só lembrando, contra-indicações que se prezam acontecem mesmo quando não estão previstas.

"Positively Somewhere" (Live In Belgium) - Melanie C
Kinho Dickinson