March 18, 2004

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Algumas vezes eu tenho que descer do alto da minha indiferença para filosofar sobre coisas tão manjadas quanto aquela velha piadinha que questiona o fato de as mulheres abrirem a boca ao passar um creme no rosto. Sei que essa singela tirada não teve a menor graça. Menos graça ainda é ficar com essa sensação que parou por aqui, pois apesar de estar cansado de saber que "não são todos os dias que você encaixa as palavrinhas”, eu detesto ter um tema específico para reclamar e simplesmente não conseguir. Detesto. É como se alguém escrevesse um folhetim de quinta insinuando coisas a seu respeito e você simplesmente não conseguisse ir até um programa de fofocas qualquer, desmentir as possíveis acusações e contar a sua versão dos fatos. Principalmente quando quem escreve é alguém que não tem autoridade para completar um período que seja a seu respeito. Isso faz com que o texto, que até pode ser bem formulado, seja vazio de relação, nexo, motivos e, principalmente, coerência. Para um texto jornalístico isso definitivamente não é uma coisa boa, mas nem todos os textos necessitam de veracidade para acontecerem. Uma pena. Ou não. Mas nesse caso é.

De um modo geral, quando alguém perde tempo escrevendo determinado texto, esse alguém escreve sobre coisas que, de uma maneira ou outra, é razoavelmente importante ou simplesmente "diz algo" para esse mesmo alguém - sendo verdade ou não, sendo real ou não. Seguindo esse raciocínio, é fácil descobrir o que leva uma pessoa a se projetar para dentro de um texto de outra pessoa: é querer fazer parte da obra, ter uma importância, sentir que faz parte, pelo menos, do pensamento de alguém. E isso, convenhamos, é profundamente idiota. Ainda bem que algumas pessoas notam isso antes de sairem flutuando por aí. Em um caso como esse, eu poderia até dizer que não existe "você" no texto e o que existiam eram apenas contextos e contextos dependem de muitas coisas para sobreviver. Em todo caso, eu não vou fazer isso porque eu sei que textos são apenas para serem lidos e se interpretar o texto de alguém por um lado biográfico fosse coerente, insisto, ninguém iria conseguir entender os famigerados "textos anônimos". Culpa do texto? Não. Culpa sua que provavelmente deve tem um forte motivo para se lançar para dentro dele sem que eles tenham qualquer relação contigo e sejam muito mais abrangentes do que você pode imaginar. E, convenhamos, além de não ter motivos, eu estou apático o suficiente para não ficar perdendo tempo com coisas que só existem na cabeça de terceiros. Tudo muito complicado, eu sei, mas é que são duas faces de uma mesma moeda e eu precisa escrever sobre porque eu não tenho nada melhor pra fazer - notar que sempre que eu posso eu enfatizo esse fato. E se você achou que esse texto é uma indireta para você, sugiro que leia novamente. Obrigado.

"A Rush of Blood to the Head" - Coldplay

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